Zine elaborado por jovens é "salto tecnológico"


“Eu acho que é um salto tecnológico no fazer saúde. Eu acho que é deixar a saúde de ser encarada como quadrado ou o conceitualmente acadêmico e entender que saúde é mais que um procedimento médio, um procedimento em saúde. Entender que saúde faz parte de analisar o contexto de vida das pessoas, grupos sociais aos quais elas pertencem. Entender que elas têm uma linguagem própria. Se a gente quer fazer saúde de verdade eu acredito que é desse jeito. A parte clínica, você vai lá, mede a febre e dá o remédio... Mas para você mudar, mudar a conjuntura de vulnerabilidade, para que as pessoas mudem comportamentos adquiridos em função de sua auto-estima, isso não é aprendido num folder, não é aprendido numa aula. Isso é aprendido no que a gente está fazendo. Essa produção do zine não significa só produzir o material. Significa ouvir, sentar junto, entender, trocar experiência, trocar informação, e essas pessoas envolvidas são as que estão mudando a sua prática. E elas contaminam, no bom sentido, a questão da saúde integral, da saúde do seu próprio corpo, da preservação da sua saúde e a do outro. Então para mim isso é um ganho de tecnologia no fazer saúde”, disse a enfermeira sanitarista Maria Cristina Feijó Januzzi Ilário, coordenadora do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) de Campinas.
Trata-se do volume 2 do zine "Nem Te Conto", cujo foco é vulnerabilidade. O material educativo em forma de revista de bolso para jovens travestis, gays e bissexuais foi lançado em praça pública, na noite de sexta-feira, 24 de abril de 2009, pelo Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) de Campinas. O zine foi produzido para e pelos jovens, com a coordenação do Programa de Aids através de seu Núcleo de Educação e Comunicação Social (Necs). A festa contou com música ao vivo e criação de grafite em painéis na praça Bento Quirino, região central da cidade.

Realizado em 2008, o material educativo traz mensagens através de brincadeiras como: “O Novíssimo Manual de Etiqueta”, ou “Sua confiança te cega?”. No material, tudo aquilo a que um zine tem direito: recorte, colagem, desenhos, letras de música, cor, e sensibilidade: “Estou vulnerável quando tenho que seguir os padrões que a mídia impõe mas as minhas condições não me permitem”. São trechos das muitas mensagens trazidas pelos participantes deste trabalho de educação em saúde produzido pelo SUS Campinas, com participação de seus usuários. O incentivo ao uso da camisinha e valorização da auto estima permeiam toda a edição.
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