Saúde distribui 62 mil camisinhas e realiza 93 testes de HIV na Parada do Orgulho LGTTB de Campinas

















O Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) da Prefeitura de Campinas distribuiu ontem, domingo, dia 28 de junho de 2009, durante a 9º Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Bissexuais (LGTB) mais de 62 mil preservativos masculinos. O serviço também realizou pelo menos 90 testes de HIV (vírus que causa a aids) com diagnóstico rápido, procedimento realizado pela primeira vez nesta passeata que acontece anualmente na cidade.

O trabalho começou na principal avenida de Campinas, a Francisco Glicério, às 13h, e acompanhou todo o percurso, até o final da passeata no Largo do Rosário, às 20h. O Largo do Pará, praça onde acontece a concentração da Parada, serviu este ano também para acolher a estrutura do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Itinerante, que, com equipe qualificada, realizou os exames gratuitamente e de forma sigilosa.

O trabalho dos profissionais do CTA e parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS) na realização do teste com diagnóstico rápido, começou às 9h e terminou por volta de 14h, quando a passeata começava a descer a avenida na contra-mão. Já o trabalho de distribuição de camisinhas foi feito até o final do evento, à noite.

“O que eu quero dizer para vocês é que o Programa de DST e Aids da Secretaria de Saúde de Campinas acredita nos direitos iguais, acredita que cada pessoa valha tanto quanto a outra pessoa, independente das diferenças”, declarou a enfermeira sanitarista Maria Cristina Feijó Januzzi Ilário, convidada a fazer um dos pronunciamentos na abertura da Parada do Orgulho LGTB de Campinas. Confira trechos da entrevista com Maria Cristina Ilário durante a saída da Parada. Ela é coordenadora geral do Programa de Aids de Campinas.

Qual a importância de o Programa DST/Aids participar da Parada do Orgulho LGTB de Campinas?

O Sistema Único de Saúde, e dentro dele o Programa de DST e Aids, de nível nacional, e de nível local, que é o nosso, entende que a saúde é um meio universal. É impossível fazer Saúde sem o respeito à diversidade e sem o fomento à cidadania e fortalecimento dos movimentos que são dos mais excluídos da sociedade. Então lutar contra a discriminação, lutar pelos direitos iguais de pessoas diferentes e respeitar a diversidade é fazer saúde. Então o nosso papel, aqui, hoje, é deixar clara a nossa posição que é de apoio absoluto ao movimento da diversidade onde todos podem ser diferente mas devem ter direitos iguais, para tudo nesse País deveria ser assim, o apoio a essa causa, de estar aqui, como Política Pública, e fazendo o nosso papel de responsabilidade que é a distribuição de insumo de prevenção, distribuição de preservativos durante todo o evento.

Teste com diagnóstico rápido, qual é a expectativa?

Nós entendemos que todos os mecanismos e insumos que a gente tem de estratégicos para proteção individual e coletiva devem estar colocados para a população. Do mesmo jeito que a gente faz o marketing social do preservativo, faz a propaganda do preservativo, para que ele seja sempre um bem necessário e comum na vida das pessoas, que todo mundo tenha, como ter uma carteira no bolso, tem identidade, a gente quer dizer para as pessoas que o diagnóstico rápido para HIV veio para enfrentar a epidemia da aids, veio pra trazer a proteção individual. Quanto mais cedo a pessoa descobre que é portadora do HIV, se ela não sabia antes, melhor é para a saúde individual dela ela pode nunca vir a adoecer como uma doença oportunista da aids, por exemplo, e também, ela não sabendo que tem o HIV, ela pode estar transmitindo sem saber. Então o diagnostico rápido te que ser muito socializado e tem que estar colocado de maneira universal para toda a população, para todos os seguimentos sociais.

Um dos objetivos é evitar o recrudescimento da epidemia entre gays. O que o movimento ligado à diversidade sexual ensinou para os técnicos e gestores da Saúde até para atuar com a população em geral, em aids, no controle da epidemia?

Eu acho que o grande diferencial dessa Política Pública que nós temos no enfrentamento à aids no País foi construída a partir das bases sociais e fundamentalmente o Movimento Gay do Brasil ele é mais do que responsável por ter uma Política Pública de qualidade como o Brasil vem dando. Para nós é fundamental estar junto com o Movimento Gay, junto com os Homens que Fazem Sexo com Homens. Eles nos ensinaram e a nossa dívida para com eles é uma dívida eterna de Saúde Pública e de proteção. A partir do momento que existem riscos de os novos jovens homossexuais, homens que fazem sexo com homens, de uma parcela da população que não viveu a tragédia que foi a epidemia no começo, onde a gente não tinha nada a oferecer, nossa dívida para com o Movimento Social é protegê-los o melhor que a gente puder. Levar informação, levar o preservativo, e impedir que uma nova geração de pessoas que vivem com parceiros do mesmo sexo esteja exposta ou mais vulneráveis a infecção pelo HIV.

Mais do que dívida, tem uma lição aí de como lidar com a população, seja heterossexual, homossexual, ou não?

O Movimento da Diversidade é um movimento que luta pela igualdade. Não é porque nós somos todos diferentes, e o mundo é todo diferente, que nós não temos direitos iguais. Eles nos ensinaram uma linguagem que ela, hoje, é uma tecnologia em Saúde. Não é mais possível fazer, ou falar do enfrentamento da epidemia da aids sem estar junto com os segmentos sociais. Principalmente com o Movimento Gay.

Mas seja que movimento que for, se você vai fazer com mulheres, vamos usar a linguagem das mulheres, seria isso?

O aprendizado é esse. O aprendizado é que só se faz Política Pública voltado para um segmento populacional ou para a população quando essa política é feita a partir dela. Junto conosco e não de nós para ela, de cima para baixo. E esse foi o grande ... A grande lição que nós aprendemos com o Movimento Gay e ela serve hoje para todas as outras estratégias que o Programa de Aids usa para o enfrentamento da epidemia da aids.

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